Luciano Alves, músico e compositor radicado em Porto Alegre
Foto: Adriana Marchiori 

Do começo

Luciano Alves nasceu no dia 26 de outubro de 1968, na cidade de São Leopoldo, no Vale dos Sinos, Rio Grande do Sul.  Sua família, tanto por parte de pai quanto de mãe, sempre apreciou música, tendo como tradição encontros onde todos cantavam e muitos tocavam violão. Seu avô materno, João Batista de Oliveira tocava violão e violino, e também construía seus próprios instrumentos. O Vô João foi um dos principais incentivadores quando Luciano Alves resolveu aprender a tocar violão, aos 12 anos de idade influenciado pelo irmão mais velho, Paulo Fernando, que lhe ensinou a primeira canção no instrumento.

Desde os primeiros contatos com a arte de tocar e cantar, Luciano Alves descobriu que aquilo lhe fazia sentir-se muito bem, e enquanto aprendia seus primeiros acordes já começou a compor suas canções.

Aos dezoito anos de idade Luciano comprou sua primeira guitarra elétrica, uma Jennifer Stratosonic, como a guitarra não afinava muito bem foi logo substituída por uma Finch modelo Les Paul, e desde aí iniciou-se uma afinidade com o modelo que tinha um shape de “violão”. Também aos 18 foi sua primeira apresentação em um bar, o Mandalla Club em São Leopoldo, acompanhado de seu irmão Paulo. A partir dali Luciano começou a tocar em outros bares da cidade acompanhado de outros amigos músicos, até que se formou uma primeira banda, que mais era uma “Festa de Garagem”, e assim ela ficou sendo batizada. A banda tocava principalmente rock, MPB e MPG – Música Popular Gaúcha – animava festas particulares em casas de amigos e tinha uma agenda frequente nos bares do Vale dos Sinos.

Paralelo a estes projetos musicais, Luciano sempre dava um jeito de reunir amigos para tocar suas próprias composições, assim se formou sua primeira banda de canções autorais, a Uttana-Bandha, formada por Luciano Alves, violão e voz; Uílson Paiva, guitarra: Rodrigo de Almeida, baixo; e Lucky Alves, bateria e vocais. A banda compôs um repertório de belas canções, que reunia a veia rock de Luciano, ritmos “funkeados” de Uílson e a versatilidade musical – MPB e Jazz – de Rodrigo de Almeida; porém a banda gravou apenas uma canção em estúdio e a maioria dos shows que fizeram eram em festas particulares com quase nada ou nenhum cachê.

Música, boemia, Londres

Luciano seguiu o caminho boêmio de se apresentar na noite no Vale dos Sinos, Grande Porto Alegre e interior do estado, tocando em bandas que não se reuniam para compor, o que deixava sempre uma lacuna na sua realização musical. Abandonou o curso de Comunicação Social na Universidade porque preferia os bares às aulas da faculdade – veio a se formar em Publicidade e Propaganda muitos anos depois. Nesse meio tempo foi convidado por um amigo para mudar para Londres, e aos 26 anos de idade foi viver na capital inglesa, e lá ficou por três anos, trabalhando de lavador de pratos, cozinheiro, garçom, tocando nas poucas horas vagas em estações de metrô – quando não era expulso por um policial – e em bares noturnos.

De volta ao Brasil, tocou em mais algumas formações de bandas de blues e rock, até que no início dos anos 2000 formou um trio com Marcelo Masina na bateria e Claudio Nilson no baixo, o trio que se chamava The Bridge ensaiava por horas e horas e arranjou e gravou mais uma gama de canções que nunca vieram a ser lançadas.

Em 2005, por ocasião do falecimento de sua filha de 9 anos Camila, nascida em Londres, Luciano passou por momentos difíceis, mas que resultaram numa reavaliação de tudo o que fazia. Parou de lecionar aulas de inglês e violão, saiu da banda que tocava por estar desiludido com os caminhos que estavam sendo trilhados e se mudou para Porto Alegre, decidido a viver única e exclusivamente da música.

POA, Dylan, Frida, Mientras La Noche Cae

Em 2008 formou uma banda com o guitarrista Daniel Mossmann para tocar canções de Bob Dylan, e esse contato com a obra dylanesca se tornou uma pesquisa que muito influenciou o seu lado compositor. A banda passou a tocar bastante e este trabalho continua até hoje, no projeto Memória Musical Especial Bob Dylan que tem as participações dos guitarristas e compositores Jimi Joe e Oly Jr. de Porto Alegre, ambos também pesquisadores da obra do bardo.

Paralelo a tudo isso Luciano Alves participa, desde 2009, do espetáculo teatral Frida Kahlo, À Revolução!. A peça que viajou o Brasil, Argentina e México, ganhou prêmios e tem agenda de teatros lotados, tem dramaturgia e atuação da atriz e produtora Juçara Gaspar, sua companheira desde 2007 e mãe de seu segundo filho Francisco; Luciano Alves compôs a trilha – após uma imersão na música rancheira mexicana de raiz – e a executa ao vivo.

Em 2011, Luciano foi contemplado com o Fundo Municipal de Cultura de São Leopoldo, e assim gravou, produziu e lançou o seu primeiro álbum de canções autorais intitulado Caminhando. Em suas canções coloca em diálogo o violão, o banjo, o bandolin, o ukelele, o dobro, a harmônica, a guitarra, o pedal steel, o piano, o hammond, o baixo, a bateria e a percussão com a “brasilidade” da viola caipira e da acordeona.

O segundo disco Luciano Alves, A Terra Treme, também foi gravado no Estúdio Dreher em Porto Alegre e lançado em 2017. Neste segundo trabalho, o compositor vai mais a fundo no imaginário do cancioneiro brasileiro em sintonia com seu tempo, mergulha na filosofia, nos problemas sociais e numa firme proposta de arte como denúncia, princípio de transformação e libertação do indivíduo. Além de duas poesias de Torquato Neto, musicadas e arranjadas em uma canção, o disco conta com mais 10 canções inéditas. A pré produção do disco foi realizada no Estúdio Manjedoura em Porto Alegre, Daniel Mossmann assina ao lado de Luciano a produção do disco.

Em 2018, Luciano Alves, o baterista Marcelo Masina e o baixista Jeffy Ferreira entraram no Estúdio Dreher em Porto Alegre para trabalharem nos arranjos das canções de seu terceiro disco intitulado Mientras La Noche Cae. O disco gravado pelo trio, também conta com participações especiais de Luciano Leães no Hammond, Carlos Alberto Perez nas congas e bongo, Marcelo Tamujo na flauta transversal e Thomas Dreher na percussão, teclados e metalofone.

O projeto para o novo disco nasceu com um baú reaberto e a audição, depois de anos, de fitas cassete, repletas de composições de várias épocas. Nove destas canções foram trabalhadas neste primeiro momento, rearranjadas e reescritas, recebendo uma nova roupagem e um novo olhar crítico sobre o que está acontecendo agora. Nas palavras do músico, compositor e jornalista Jimi Joe, “Luciano, atento aos movimentos do tempo e ciente de que os tempos estão sempre mudando, como já cantou Dylan ecoando a sabedoria chinesa do I Ching, o Livro das Mutações, chega ao seu terceiro disco, Mientras La Noche Cae, com vitalidade impressionante e por mais que tenha introduzido novas sonoridades em sua música, os vislumbres do que está ao redor seguem sendo crônicas visionárias em versos exemplares. E, mais importante nesse processo todo, é que Luciano, na contramão de muitos outros, permanece fiel a si mesmo, sem se render a tendências ou modismos.”

 

"A Terra Treme é um álbum homogêneo no sentido de que é difícil separar músicas, todas são boas"

Juarez Fonseca, Zero Hora

"Nas letras de profundidade poética atual, o compositor resgata o cuidado com a palavra e com sua função artístico-social"

O Debate

"Luciano Alves mergulha na filosofia, nos problemas sociais e em uma firme proposta de arte como denúncia"

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